sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Mail da Verónica - Explicação do Eduardo sobre a LLA

Aqui vai a explicação do meu primo, futuro Xô Dotor. Obrigada :)


Ora bem, a pedido da Verónica, cá vai uma breve explicação da doença do Pedro e do tratamento.
A Leucemia é uma doença oncológica na qual há produção desorganizada de leucócitos imaturos, vulgo glóbulos brancos, pela medula óssea, que é onde normalmente são produzidos os constituintes do sangue.
No caso do Pedro, há produção acelerada de progenitores, ou blastos, de Linfócitos B, daí a designação de Leucemia Linfoblástica Aguda (ou LLA), de células B. Esta produção rápida como que "enche" a medula de células malignas, "roubando" espaço às outras para se multiplicarem e diferenciarem - é por esta razão que tanto as plaquetas, como os eritrócitos estão baixos,. É também por isto que há predisposição aumentada para infecções: se a medula está cheia de linfoblastos, os leucócitos ditos "normais" não se formam tão bem.
Sendo uma Leucemia agressiva, é óbvio que não podia ficar muito tempo sem tratamento. Também por ser agressiva, o tratamento é mais "puxado" que nas outras. Isto não significa pior prognóstico, já que, habitualmente, quanto mais "apressada" for a doença a disseminar, mais rapidamente é debelada. Como a Verónica tem dito, a quimioterapia do Pedro funciona por ciclos e é constituída por vários fármacos, com o objectivo comum de parar a replicação celular e, consequentemente, matar os tais linfoblastos malignos. Ora, se pára a replicação celular numas células, pára em todas as que se replicam com frequência, daí que, associados aos efeitos benéficos da terapia, venham também outros, indesejados. Estes não são de temer, já que têm todos tratamento, e passam por: agravamento dos parâmetros hematológicos, ou seja, diminuição ainda maior de plaquetas, eritrócitos e leucócitos, que se resolve facilmente com administração de concentrados plaquetários, concentrados eritrocitários e/ou sangue e G- ou GM-CSF (presumo que seja isto, quando dizes que deram factores de crescimento, Verónica); possíveis náuseas, vómitos ou problemas gastrointestinais, que são transitórios e não surgem em toda a gente; queda de cabelo; entre outros, mais raros.
Quanto à predisposição para as infecções de que a Verónica fala, é devida à baixa de leucócitos saudáveis, causada tanto pela LLA, como pela quimioterapia. Por esta razão, há que entender que o isolamento não é um capricho, mas sim muito aconselhável, de modo a prevenir, tanto quanto possível, a transmissão de microorganismos patogénicos. Por isso, também, aproveito para reforçar o que a Verónica dizia quando falava do "líquido azul", o Sterilium, que é extremamente importante como desinfectante. Não só isso, é aconselhável evitar o contacto directo, pelo menos enquanto a imunossupressão se mantiver. Se compreenderem que isto é pela segurança do Pedro, seguramente que todos cumprirão.
Finalmente, há que dizer que a quimioterapia pode ser curativa, mas havendo a possibilidade de não o ser, há que recorrer ao transplante de medula óssea. Por isso, para cobrir esta chata possibilidade, vão inscrever-se para doar medula. O Pedro e muitos mais como ele agradecem.
Cumprimentos,
Eduardo

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Verónica